Uma jararaca se reproduziu no domingo, 2 de fevereiro, no Refúgio Biológico de Itaipu mesmo sem ter contato com machos da espécie.
O animal vive sozinho em cativeiro desde o início de 2012.Como a gestação é de cerca de quatro meses, a possibilidade de fecundação por espermatozoide é
quase nula, segundo o médico veterinário do RBV, Wanderlei de Moraes.
“É um fato raro, mas pelas condições de isolamento, temos a suspeita
de paternogênese [desenvolvimento do embrião apenas do óvulo, sem ação do
gameta masculino]”, disse Moraes, que citou a ocorrência de outro parto
semelhante em um zoo de Campinas (SP). “Não é um acontecimento inédito em
cativeiro, porém é incomum”, afirmou o veterinário.
O filhote da jararaca (animal do gênero Bothrops) foi descoberto pelos tratadores e guias turísticos do RBV. A mãe – com cerca de um metro
de comprimento – vive em um recinto isolado por um vidro, no serpentário do
RBV, aberto à visitação pública.
Depois de encontrado no ninho, o recém-nascido foi separado da mãe.
Ele mede cerca de 30 centímetros. Não há previsão de retorno à mesma jaula,
uma vez que as serpentes ficam sozinhas para segurança dos tratadores e
manter duas delas juntas torna o manejo uma atividade arriscada.
Surpresa: - "estávamos aqui olhando a cobra e de repente vimos o filhote. Pensei,
como pode ter acontecido isso, se ela está sempre sozinha?”, disse a guia
Letícia Meyer, do Complexo Turístico Itaipu.
Ela esteve no local dia da
eclosão e disse que, motivada pela curiosidade, foi pesquisar sobre o
assunto. “Daí encontrei essa explicação da paternogênese. É muito
interessante”, afirmou.
Essa foi também a primeira vez que o tratador Delcy Alves de Oliveira
viu um parto como esses no RBV. Ele cuida das serpentes há 25 anos e, até
encontrar o filhotinho, não sabia da gestação da jararaca.
“Todo mundo
ficou surpreso”, disse ele.
“É um caso de sorte, como foi com antas gêmeas que nasceram aqui [em
2011]”, disse bióloga da Divisão de Rosana Pinto de Almeida.
A reprodução mostra que o animal está em ambiente favorável no RBV,
segundo Wanderlei de Moraes.
“E isso acaba atraindo a curiosidade não só
dos técnicos da área, mas de pessoas que visitam o Refúgio para entender
melhor a natureza”, afirmou.
Vencedor :
A jararaca colocou 14 ovos, mas apenas um eclodiu. Não há expectativa
de novos filhotes, uma vez que espécie é ovovivípara, ou seja, o embrião se
desenvolve no ovo dentro do corpo da mãe e sai completamente formado.
“O fato de ter nascido somente um filhote do total de 14 ovos aponta
que ou teve falha na fecundação, se ela conseguiu reter espermatozoides por
tanto tempo, poucos sobreviveram ou que realmente ocorreu a partenogênese e
por isso só nasceu um filhote, supondo que os que os outros ovos não foram
fecundados”, concluiu Wanderlei Moraes.
O nascimento do “parto virgem” é relatado em alguns animais,
especialmente invertebrados. Em vertebrados, a ocorrência é mais incomum,
embora já relatada em galinhas, lagartos e pássaros.
No caso das cobras, a
paternogênese pode ocorrer, embora a regra seja a reprodução sexual, com
macho e fêmea. O plantel de serpentes do Refúgio dispõe de outra cobra, uma
cascavel (Crotalus durissu).
Enviado por : Itaipu / Fotos : Adenésio Zanella
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